segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Era uma vez...
Uma menina destinada a ser sempre jovem. Hoje com a idade de bisa, seu espírito tem a juventude de menina. Quando jovem, passeava com seu cavalo meio manco que tinha uma virtude, era manso. Às vezes a surpreendia com o seu agachar, parecia querer brincar de lhe assustar. Certa vez, sentiu sede e procurou um riacho para saciá-la. Avistou um lindo casebre, solto num cenário belo da natureza. As cores do por do sol lhe tingiam uma harmoniosa tranquilidade do que fazia. Ao se aproximar, ela admirava toda a limpeza. Uma varanda fresca com um pé de sapoti que lhe sombreava, o cavalo, até relinchava aliviado do sol que o atingia. O chão de terra batida brilhava com desenhos irregulares das muitas varridas. A dona da casa apareceu rindo, antes de falar. Faltavam-lhes dentes, mas suas rugas não eram feias, eram bem feitas, contornando sua beleza de mulher vivida nos trabalhos do campo. Sua alegria revelava uma vida bonita e livre. Dentro do casebre, era um luxo na simplicidade e limpeza, uma cama larga, para receber seu amado. Em frente à porta, onde passava um ventinho, dois banquinhos juntinhos, para as horas de conversas e carinhos. Na janela, um jarro de flores amarelas, na parede um quadro de Jesus e Maria pintados em aquarela. Perto da porta do fundo, um pote com água fresquinha coberto com um pano azulado de tão branquinho, com duas canecas a brilhar, de alumínio. Saciada da sede e de tanta harmonia, certa de não ser preciso de muito para viver, seguiu feliz. O cavalo esqueceu-se de mancar, a menina ao voltar cantou uma linda melodia que até hoje gosta de cantar. A que faz seu coração acalentar.

Ailezz